sábado, 26 de novembro de 2011

O amansador de viola

Um dos meus violeiros preferidos tem um nome de origem bíblica: Gedeão, de sobrenome Nogueira, ou Gedeão da Viola. O paulista de Limeira, que aprendeu a tocar viola com a prática do catira - e que foi peão de rodeio! - foi um dos maiores solistas de viola com composições instrumentais que todo violeiro conhece. Uma de suas músicas mais populares "Pau Brasil" foi tema de abertura do programa Viola Minha Viola por mais de 10 anos. Gedeão batizou um ponteado peculiar de sua técnica como "aranhado", por causa da evolução de seus dedos no braço da viola se assemelhar ao andar de uma aranha. Gravou quatro CDs - um deles com o parceiro de muitos anos Téo Azevedo. Dono de um voizeirão grave Gedeão também gravou modas cantadas. Destaque para o trabalho gravado com João Pedro: um disco realmente belo em que se destacam obras-primas da música caipira como "Amansador de Burro Brabo" e "Boiadeiro Noturno". Gedeão faleceu em 2005 na cidade que o lançou como grande artista, Barretos.
Abaixo segue dois trechos de um documentário feito sobre o violeiro em 1997 (créditos do vídeo na descrição do vídeo no Youtube). Essa curta homenagem à memória desse violeiro, revela a singeleza de sua pessoa num depoimento simples e direto sobre arte de tocar viola. Simples como um feijão com arroz e um bife mal-passado... bem do jeito que ele gostava.


Outra parte do vídeo, com o mestre gastando a viola daquele jeito bom:

domingo, 20 de novembro de 2011

O sacerdócio da luthieria

Agora, por sugestão do meu aluno Edson Porto, uma postagem sobre luthieria, ou a arte de fabricar ou reparar instrumentos. Segundo o dicionário o termo luthier vem do verbete francês "luth" que significa alaúde. O termo se refere, portanto, ao profissional que fabrica ou repara instrumentos musicais de corda que possuem caixa-de-ressonância. Esses abençoados artesãos da madeira se esmeram em proporcionam aos músicos o melhor instrumento possível.
A luthieria relacionada à viola é uma arte preciosa tanto no sentido do processo de fabricação em si quanto à transmissão desse saber que atravessa gerações. Ao contrário de uma viola de loja que é fabricada num esquema de linha de montagem uma viola feita por luthier passa nas mãos de uma só pessoa, que acaba imprimindo no instrumento o seu estilo além de possibilitar instrumentos personalizados, ou seja, ao gosto do freguês. Um luthier conhece cada detalhe da viola que fabricou e se for bom no trato com a madeira e no conhecimento do instrumento pode produzir verdadeiras obras-primas do som.
Abaixo vídeos de três luthiers de viola:

Luthier João Alves de Taguatinga (DF), além de fabricar viola é violeiro bom demais, com várias músicas de sua autoria... verdadeiras pérolas! O bom mesmo é passar a tarde lá na oficina dele sempre animada e com a presença do filho Alexandre e do neto (ambos músicos)... sempre um bom papo e boa música! Minha viola titular é dele!

Luthier Luciano Queiroz de Assis (SP) também é violeiro e se destaca pela qualidade e bom acabamento de suas violas. Eu já experimentei uma dinâmica em rio-abaixo... muito bom!

Luthier Souza de Campina Grande (PB), especialista nas violas dinâmicas (nordestina), que são aquelas violas tipicas de acompanhamento de repentistas. Essas violas possuem uma "tampa" de aço na boca, por isso o timbre é bem típico. Reparem que as madeiras usadas são em sua maioria de outros países... a viola caipira só tem de brasileira mesmo é o violeiro! ...e é claro, o luthier!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A viola trucada de Renato Andrade!

Se uma forte imagem que se tem do violeiro é aquela de um tocador cheio de manias - que entremeia os toques de viola com causos e histórias; que não acredita, mas sabe todas as simpatias, rezas e métodos pra manter o equilibrio entre a sorte e o azar, entre Deus e o diabo, entre a afinação e a desafinação de seu instrumento e de sua alma - essa impressão deve-se muito à figura folclórica de Renato Andrade.
Mineiro de Abaeté, Renato praticamente inaugurou o gênero "viola de concerto" ao apresentar-se com composições instrumentais na viola vestido de terno e gravata, e explorando temas e estilos musicais variados. Seu estilo ainda influencia as gerações de novos instrumentistas da viola - que tentam entender o segredo por trás de seus toques trucados. Lançou em 1977 seu primeiro álbum solo e desde então não parou mais. Só parou quando faleceu junto com o ano de 2005, mas o que custa morrer é seu jeito único de tocar viola. Tive a oportunidade de ver e ouvir o mestre num festival de viola em Alto Paraíso (GO) em 2004... bom demais!

A famosa brincadeira "Volta ao Mundo" do Renato Andrade

Viola de gravata!

Truques e causos do violeiro

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A viola caipira de Aparício Ribeiro e a viola progressiva de Marcos Mesquita

O QUE: Show dos violeiros residentes no DF - Aparício Ribeiro e Marcos Mesquita - dividindo o mesmo palco
QUANDO: 17 de Novembro às 21 horas
ONDE: Centro Cultural de Brasília - L2 norte quadra 601
QUANTO: R$ 30,00 e   R$15,00 (carteira ou 1 kg de alimento)
FICHA TÉCNICA: Fábio Pessoa (violão, baixo elétrico e voz), Fabrício Ribeiro (baixo elétrico) Michel Venâncio (violão e baixo elétrico) e Vitor Mesquita (viola caipira, violão e gaita).
                                                                      

domingo, 6 de novembro de 2011

Domingão do Almirzão

Estava aproveitando o domingão ouvindo alguns clássicos de um violeiro que fez história nos braços da viola... grande artista: Almir Sater... dá uma olhada nas raridades!

Uma das músicas instrumentais de viola mais bonitas que eu conheço... a afinação usada é a Rio-abaixo! essa dá pena quando acaba...

...essa daí é a queridinha das novelas... grande composição emblema máximo da grande parceria do Almir com o Renato Teixeira... além da bela canção, destaco o toque da viola do Almir:

...agora esse vídeo é realmente uma coisa bonita de se ver! Uma verdadeira jam-pagode-session-de-viola com Tião Carreiro e Almir Sater! Só vendo mesmo!