sábado, 30 de junho de 2012

O adeus de Dércio Marques

Faleceu aos 64 anos o cantador Dércio Marques. Mineiro de Uberaba, esse artista foi, além de compositor e produtor musical, um grande entusiasta, pesquisador e transformador da música popular brasileira. Sua paixão pelas tradições musicais mineiras - como as folias do divino, reizados e congados - somada ao seu refinado gosto musical e verve poética geraram uma discografia que vale a pena ser constantemente revisitada. Além da referência popular, suas canções evocam paisagens mineiras: cruzam serras, vales, rios; descrevem flores, árvores e raízes, conduzindo o ouvinte à viajar pelo pedaço mineiro do Brasil. Além de sua extensa discografia, participou do trabalho de artistas como Xangai, Elomar, Pereira da Viola, Juraíldes da Cruz, Paulinho Pedra Azul, João Bá, Saulo Laranjeira e sua irmã Dorothy Marques. Apesar de não ter como especialidade a viola caipira (tocava mais frequentemente o violão) este blog não poderia deixar de homenagear este grande artista brasileiro. Pude conhece-lo em 2008 num encontro de violeiros em Ribeirão Preto e lembro que seu show foi emocionante. No encerramento todos os violeiros subiram ao palco e tocamos juntos esta canção popular, eternizada pelo mestre: 



terça-feira, 26 de junho de 2012

EVENTO: Instrumenta Viola

O QUE: Oficina de instrumentalização à viola brasileira por Fernando Deghi;
QUANDO: 22 à 29 de Julho de 2012;
ONDE: SESC da Esquina - Rua Visconde do Rio Branco, 969 - Curitiba (PR);
PARTICIPAÇÕES: participarão da oficina os violeiros Rogério Gulin (PR), Zeca Collares (MG), Milton Campos (PR), o luthier Anélio Ferroni (PR), o produtor e diretor Dirceu Saggin, o produtor musical Alvaro Collaço, a produtora e psicóloga Adriana Melges e a pesquisadora e diretora Lia Marchi; além do diretor do evento, o violeiro Fernando Deghi;
SORTEIO: Ao final do curso será sorteada uma viola do luthier Anélio Ferroni;
VALOR: R$ 500,00 (Funcionários, comerciários e associados ao SESC têm desconto);
INSCRIÇÕES: até dia 10 de Julho de 2012.

PARA CONHECER A PROGRAMAÇÃO DA OFICINA E MAIORES INFORMAÇÕES NA PÁGINA DO EVENTO, CLIQUE NA IMAGEM ABAIXO:

sexta-feira, 22 de junho de 2012

EVENTO: Aparício Ribeiro no Vila Madá

O QUE: Apresentação do violeiro e compositor Aparício Ribeiro, acompanhado no contrabaixo por Fabrício Ribeiro, com seu show intitulado "Sonho de Violeiro".
QUANDO: 22 de Junho de 2012, às 20:30;
ONDE: Restaurante Vila Madá, Shopping Deck Norte, SHIN CA 01, Lago Norte, Brasília - DF;
OBS.: sem cobrança de couvert.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Viola erudita

Compartilho o pequeno texto que escrevi sobre a influência da música erudita no trabalho dos violeiros no Brasil. Esse texto escrevi a pedido de Cristiano Bastos, repórter da revista Rolling Stone Brasil, para a matéria sobre o  projeto "Êta Nóis: quando a viola bota as coisas no lugar", (CCBB - São Paulo) - que propunha dialogar a viola caipira e com viola clássica (de arco), e no qual participaram violeiros como Ivan Vilela, Miltinho Edilberto, Zé Helder e atrações como Tetê Espíndola, Ná Ozzetti, Dú Gomide e Luli & Lucina e a violista Paula Pi.

Viola caipira e a música erudita

Fábio Miranda
07 de Junho de 2012

Há tempos que certas fronteiras entre estilos musicais estão ruindo. Numa época em que a mistura de estilos e fusão de gêneros musicais estão em voga, a viola caipira no Brasil encontra um terreno fértil e aberto para essa investida. Como violeiro e admirador do trabalho dos mestres e colegas desse instrumento, percebo com feliz ansiedade que ainda vou ouvir sons que nunca foram feitos. Efeitos, combinações, arranjos e texturas que ainda estão por vir: esperam para serem descobertos pelas futuras gerações de violeiros.

A viola, que é tocada no Brasil desde a época do descobrimento, adormeceu durante um período pelo interior se desenvolvendo silenciosamente nas áreas rurais, e desde então vem sendo gradualmente redescoberta. Desde Cornélio Pires – produtor musical brasileiro que financiou a primeira gravação em LP de duplas caipiras do interior de São Paulo - a viola instiga músicos e o público em geral das grandes cidades. Vem ganhando status de instrumento de grande potencialidade e guarda o futuro da música brasileira em seu bojo. Isso porque se encontra entre uma saudável polaridade: entre a tradição e a inovação, o canônico e o inovador - entre a música “não escrita” e a “ainda não escrita”.

Desde Cornélio Pires a história “oficial” da viola começou a ser “escrita” pela produção fonográfica. O boom começou com Tião Carreiro e Bambico que transformaram a viola numa espécie de guitarra elétrica brasileira (no sentido da performance). Depois veio o mineiro Renato Andrade que levou a viola ao status de instrumento concertista com sua “volta ao mundo” tocando temas consagrados da música erudita com o instrumento. Também Geraldo Ribeiro que gravou em 1971 as transcrições de Theodoro Nogueira de peças de Bach na viola brasileira. A partir daí emergiram violeiros da nova geração flertando com outros estilos: Cacai Nunes com o choro, João Paulo Amaral com o jazz, Fernando Deghi com a música ibérica, Miltinho Edilberto com o forró, Ricardo Vignini com o rock, etc.

Dentro desse caldeirão, a música erudita – de tradição europeia – serve também de inspiração para o incrível mundo novo da viola. E logicamente o caminho inverso também – na história da música erudita foram vários momentos em que compositores buscaram na produção folclórica base e inspiração para seu trabalho. Na Europa, o compositor húngaro Béla Bartók, por exemplo, que viajou pelo interior de seu país gravando em um cilindro fonográfico impressões sonoras do povo rural. Ou no Brasil mesmo, com o próprio Villa-Lobos que bebeu do choro e das imagens rurais brasileiras. A profundidade dessa imersão ainda é controversa, mas o fato é que uma das melodias mais queridas dos violeiros é o tema do Trenzinho do Caipira - último movimento da 2a Bachiana Brasileira do maestro - tocada pelo Brasil afora por violeiros de vários estilos e idades. Mais de meio século depois o trabalho de pesquisa continuou com o violeiro Roberto Corrêa que ao percorrer aprendendo, registrando e mapeando o entorno de Brasília oficializou mais uma modalidade do ofício de ser violeiro: o de pesquisador.

A viola já se inspira há tempos com a linguagem da música erudita, orquestral. Uma forte ligação com o mundo erudito é a popularidade das chamadas “orquestras de viola” no Brasil. Esses grupos são popularmente chamados assim, pois em geral trabalham com naipes de violas - ou seja, violas executando linhas diferentes e assim compondo um arranjo. Destacam-se nessa área Rui Torneze com a “Orquestra Paulistana de Viola Caipira” e Ivan Vilela com a “Orquestra Filarmônica de Violas”. As formações menores – de câmara – conjugadas ou não com outros instrumentos também tornaram-se comum em todo o país desde a consagração desse formato com Heraldo do Monte no “Quarteto Novo”: grupo “Capela de Cordas” (David Godoi), “Banda Violeira” (Marcos Mesquita), “Trio Carapiá” (João Paulo Amaral), “Orquestra a Base de Cordas de Curitiba” (fundado pelo maestro Radamés Gnatali), “Viola Arranjada” entre outros. Até a curiosa viola-de-cocho pantaneira - tipo de viola feita de madeira escavada – já foi instrumento solista da orquestra de Câmara e da Sinfônica do Estado do Mato Grosso. Um destaque é também o flerte com a modalidade erudita chamada “música antiga” – espécie de “música folclórica” do mundo erudito, pois trabalha com instrumentos antigos da tradição europeia. Nesse contexto se destaca o trabalho do grupo “Anima” e o “Duo Viola & Cravo” com o violeiro Ricardo Matsuda. Recentemente o violeiro Chico Lobo lançou um trabalho intitulado “O Tenor e o Violeiro” em que acompanha em sua viola a voz de bel canto de um cantor erudito. Enfim, existe uma longa estrada diante da viola caipira e com certeza a música erudita é um ponto de referência e inspiração para muitos que trilham esse caminho.

EVENTO: Violeiro Renato Caetano em Brasília

O QUE: Única apresentação do cantor, compositor e violeiro Renato Caetano em Brasília que tocará repertório do CD "Que viola é essa?" com canções de sua autoria.
QUANDO: 21 de Junho de 2012, às 21h;
ONDE: Bar do Ferreira, Shopping Pier 21 - Avenida das Nações (ao lado do Clube ASBAC)
QUANTO: R$ 15,00 (meia-entrada) - censura 18 anos
DESCRIÇÃO: "...outra faceta do artista é a de intérprete de versões de clássicos do rock e do blues nacionais e internacionais, extraída do repertório de "O terço", "Secos e Molhados", "Led Zeppelin", "Jethro Tull", "Yes" e "Beatles". Ricardo será acompanhado por Ricardo Prates (baixo) e Luís Patrício (bateria)." (Caderno Divirta-se; Correio Brasiliense).



segunda-feira, 18 de junho de 2012

Super-unha!

Esta descobri com meu aluno Luiz Melo Júnior:

Na véspera de uma apresentação, minha unha do indicador quebrou de uma vez, ficando só presa por uma pequena parte. Nesses casos costumava colar com a superbonder e passar um esparadrapo cirúrgico por cima e depois outra camada de cola... ficava uma lambança e não adiantava nada. Eis que antes da aula preparava meu "curativo" quando o Júnior me de a dica: passar a supercola e depois passar sal. Sal de cozinha mesmo. Fizemos o teste antes numa superfície lisa pra ver o resultado e realmente a reação entre o sal e a cola endureceu bastante a mistura. Fiz a mandinga na unha e depois foi só lixar a pedra que virou. Estou há mais de uma semana com a mesma cola na unha, já toquei em várias apresentações, a unha ficou indestrutível. O resultado foi tão bom que resolvi compartilhar essa receita. A dupla Dyego & Gustavo de Taguatinga (DF) já conheciam essa técnica e incrementaram a ciência: em vez de sal de cozinha, bicarbonato de sódio... na próxima eu testo.

terça-feira, 12 de junho de 2012

EVENTO: Audição de formatura em viola caipira

O QUE: Audição de formatura no curso técnico de viola caipira do violeiro Fábio Miranda;
QUANDO: dia 15 de Junho de 2012, às 20hs;
ONDE: Teatro Carlos Galvão - Escola de Música de Brasília, L2 sul, 603/4
MÚSICOS PARTICIPANTES: Andressa Ferreira (percussão), Fernando Fernandez (baixo e percussão), Lucas Muniz (sanfona), e participação especial do percussionista Fernando Miranda;
REPERTÓRIO: músicas do trabalho solo "Caravana Solidão" com lançamento previsto para o segundo semestre de 2012.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

EVENTO: 12o Encontro de Violeiros de Brazlândia

O QUE: evento que reunirá no palco vários trabalhos de violeiros da cidade de Brasília e seu entorno. Além disso haverá oficinas, comidas típicas, venda de produtos, exposições. O evento faz parte das comemorações do 79o aniversário da cidade de Brazlândia.
QUANDO: 08, 09 e 10 de Junho de 2012; à partir das 20hs e Domingo à partir das 10hs.
ONDE: Praça da Administração Regional de Brazlândia.
OBS: Estarei ministrando as oficinas (aulões) de viola caipira no Sábado e Domingo