Esses dias ganhei de presente do meu amigo e aluno Luiz Daniel uma viola de cocho. Desde então estou conhecendo, através do som, um universo cultural novo para mim até então: repleto de ritmos, histórias, ciências e sons. E é impressionante como esse instrumento leva os dedos fácil pela madeira. Tocar viola é surpreender-se a cada dia.
Eu e Luiz calibrando as violas de cocho. Violas feitas pelo artesão/luthier Alcides Ribeiro dos Santos (MT):
Nas palavras do próprio Alcides:
"A viola de cocho é um instrumento musical do grupo dos alaúdes curtos, produzidos por mestres artesãos, violeiros e cururueiros. Sua produção é uma atividade que guarda conhecimentos específicos dominados por esses artesãos. Com forma e sonoridade singulares, a viola de cocho possui sempre cinco ordens de cordas, denominadas: prima, contra, corda do meio, canotio e resposta. São afinadas de dois modos distintos, canotio solto (de baixo para cima, ré, lá mi, ré, sol) e canotio preso (de baixo para cima ré, lá, mi, dó, sol). A original é feita artesanalmente com um único tronco de madeira maciço que depois do molde riscado é entalhada ainda verde a facão e escavada com ancho e formão, e após alguns dias ao Sol coloca-se o tampo de figueira ou marupá. A cola era feita de poca de peixe, depois de triturada e levada ao fogo até obter liga. As cordas eram feitas de tripa de animais silvestres como macaco e ouriço e hoje com linha de pescar. O traste, ou ponto, é feito com barbante encerado com cera de abelha.
Símbolo da cultura mato-grossense a viola de cocho é usada para tocar as manifestações culturais e populares da região como siriri, cururu, dança de São Gonçalo e rasqueado, acompanhado pelo ganzá e tamboril ou mocho. A viola de cocho foi reconhecida como patrimônio nacional registrada nos livros dos saberes do patrimônio imaterial brasileiro em dezembro de 2004."
Documentário bem esclarecedor sobre a viola de cocho e as manifestações culturais que a tocam:
Daniel de Paula, exímio violeiro mato-grossense:
Roberto Corrêa, que dispensa apresentações:
Pesquisador e professor Abel Santos, explorando sonoridades e estilos:
O violeiro e luthier, Braz da Viola, explorando toques percussivos:
Sidnei Duarte tocando "Eu sei que vou te amar" de Tom Jobim e Vinicius de Moraes:
Reportagem do Jornal Hoje (Globo) sobre a viola de cocho integrando a Orquestra de Câmara de Mato Grosso:
